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Duelo Imortal celebra 30 anos

Duelo Imortal celebra 30 anos

Não percam o próximo episódio do podcast Segundo Take onde celebramos os trinta anos do sucesso improvável Duelo Imortal e recordamos uma das mais infames sequelas de todos os tempos, Duelo Imortal - Parte II,  onde o elenco e realizador regressam quatro anos depois para deitar o legado do original por terra num filme inenarrável que não consegue fazer sentido em nenhuma das suas versões.

Duelo Imortal, Highlander no original, é um filme com aura de clássico para quem viveu a década de oitenta. Realizado em 1986 por Russell Mulcahy, numa transição dos telediscos para as longas-metragens, contou com o veterano Sean Connery num papel secundário celebrizando Christopher Lambert no titular personagem principal, Connor MacLeod, um dos imortais que lutam pela obtenção de um prometido Prémio, ao som da muscular banda sonora dos Queen no auge da sua popularidade.

Digo aura de clássico porque, em retrospectiva, e apesar da premissa intrigante, o sucesso deste filme parece improvável quando paramos para pensar no seu elenco central. Ora vejamos: Christopher Lambert, americano de nascença mas educado na Suíça, com um carregado e indistinto sotaque europeu, interpreta Connor MacLeod, um escocês das terras altas do século XVI, enquanto que Sean Connery, um escocês de gema, interpreta Juan Sanchez Villa-Lobos Ramirez, o metalúrgico chefe do rei de Espanha mas que, segundo o próprio, e apesar do seu nome e visual estereotipado, nasceu no Egipto vai para mais de dois mil anos.

 
 

Duelo Imortal - Parte II é uma das mais infames sequelas de todos os tempos. Avanço também desde já que esta fama é inteiramente merecida. Repetindo em 1991 o elenco de Chistopher Lambert e Sean Connery, a realização de Russel Mulcahy e o argumento de Peter Bellwood, segundo história dos produtores Brain Clemens e William Panzer, Highlander II - The Quickening, no original, é um filme incompetente que oblitera a magra mitologia do filme anterior na tentativa ingrata de continuidade retroactiva de uma história que tinha tido aí o seu ponto final definitivo.

Com uma hubris narrativa que se escusa a justificar acontecimentos, apresentar motivações ou definir regras minimamente consistentes para o seu próprio universo, atropela não só os factos de Duelo Imortal como a própria noção de gosto. Nas palavras de Michael Ironside, o actor que interpretou o vilão Katana, "Eu odiava o argumento. Todos nós odiávamos. Eu, o Sean, o Chris... todos nós fizemos o filme pelo dinheiro. Quer dizer, o argumento parecia ter sido escrito por um miúdo de treze anos. Mas nunca tinha interpretado um espadachim bárbaro antes e este foi o meu primeiro grande papel de vilão. Percebi que ía ser um filme estúpido logo, mais valia divertir-me e ser o mais cabotino possível!"

Mais no próximo episódio do podcast, segunda-feira, dia 25 de abril.

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