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Salve, César!

Salve, César!

A filmografia dos irmãos Coen, com um par de excepções, está recheada de clássicos instantâneos. Penso que podemos concordar com esta afirmação embora possamos discordar nos títulos que encabeçam tão significativo corpo de trabalho. Há uma consistência formal e temática na sua obra, tão mais impressionante quanto a quantidade de géneros onde se movem. Seja o policial, o noir, o filme de gangsters, o western ou o musical, quando abordado pelos Coen existe inequivocamente no seu universo.

A riqueza e complexidade das suas personagens permitem retirar o melhor dos seus actores com quem voltam a colaborar recorrentemente. No caso das colaborações com George Clooney este é utilizado em contra-corrente com a percepção da sua persona pública. Nas mãos dos Coen, Clooney interpreta personagens tolas, sem noção de si próprias. Apesar disto, e da entrega do actor na subversão inteligente das expectativas do público, tanto Irmão, Onde Estás?, Crueldade Intolerável ou Destruir Depois de Ler não ombreiam com os melhores títulos dos seus autores.

As boas notícias é que Salve, César! é a melhor colaboração entre os Coen e Clooney. As más notícias é que este não é dos filmes mais acessíveis dos irmãos para o espectador casual. É um puzzle que à primeira vista pode parecer pouco focado e episódico. Mas o cinema dos Coen é como uma cebola e revela camada após camada de significado e simbolismo dependendo da nossa atenção e envolvimento com o mesmo. Aqui revelam-se, tal como em Um Homem Sério, menos interessados em trama e mais focados nos temas. Esta é uma sátira à velha Hollywood, ao mesmo tempo que é uma carta de amor aos filmes por ela produzidos.

É neste contexto que os Coen constroem o seu pot-pourri temático que incluí discussões teológicas, personagens confrontadas com crises de fé, o confronto entre as ideologias comunista e capitalista, do cinema como artifício versus a realidade e, consequentemente a questão do seu real valor, além de explorar o lugar das mulheres no processo criativo da década de 50, bem como a falta de reconhecimento dos argumentistas na mesma altura.

Não percam na próxima segunda-feira, dia 29, a análise integral a Salve César no próximo episódio do podcast em www.segundotake.com/podcast.

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