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Electric Boogaloo

Consegui finalmente meter as mãos numa cópia de Electric Boogaloo: The Wild, Untold Story of Cannon Films, um documentário do ano passado de Mark Hartley sobre Menahem Golan and Yoram Globus e a sua produtora independente Cannon Films. Para quem conhece a história do Roger Corman - e recomendo vivamente o livro Crab Monsters, Teenage Cavemen, and Candy Stripe Nurses: Roger Corman: King of the B Movie para quem tenha interesse - esta é uma história na mesma veia sobre os dois primos israelitas que foram para Hollywood tentar o sonho cinéfilo americano e acabaram a produzir filmes por atacado e sem o reconhecimento que perseguiam.

A Cannon Films será familiar a quem cresceu nos anos 80 e consumia na sua dieta cinéfila filmes com Charles Bronson (O Vingador da Noite, O Justiceiro de Nova Iorque)Chuck Norris (Desaparecido em Combate, Força Delta, Invasão EUA), Van Damme (Força Destruidora, Cyborg) ou Michael Dudikoff (O Regresso do Ninja Americano, Um Ninja Americano). Apesar das reais aspirações de Golan e Globus a sua abordagem era de série B. Vendas de filmes a partir de títulos ou apenas conceitos e rodagens com orçamentos curtos, numa cadeia de produção que tinha mais preocupação industrial do que artística.

Golan e Globus são recordados com carinho por alguns, e com desprezo por outros. Golan mais apaixonado pela arte, Globus mais comprometido com o negócio, são apontados como figuras algo caricatas que nunca conseguiram traduzir o entusiasmo em algo verdadeiramente significativo para o mercado americano, sendo que alguns do sucessos que tiveram, como Breakdance (Breakin'), são atribuídos mais a uma questão de sorte do que a qualquer antecipação visionária dos gostos de mercado.

É um olhar nostálgico mas objectivo, o de Mark Hartley, e os entrevistados são, na maioria, pessoas próximas de Golan e Globus, com histórias interessantes e engraçadas contadas na primeira pessoa. Alguns dos filmes por eles produzidos têm mais atenção do que outros e aposto que ficaram outras tantas histórias para contar. A dissolução da Cannon é algo apressada e penso que merecia outro fôlego, mas este filme é obrigatório para quem, como eu, adora o processo fílmico e nutre um carinho especial pela série B.

Salve, César!

Retrospectiva M:I - Missão Impossível II